segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Uma aventura pelo Norte do Chile! - Parque Lauca



Nossa nova aventura fez jus ao nome! Cheia de perrengues, contratempos e surpresas, mas com muitas paisagens de tirar o fôlego e momentos maravilhosos!!!
A intenção inicial era alugar um 4x4 em Santiago, cruzar a fronteira para a Argentina, passar pertinho do Aconcágua, Mendoza, subir até Salta, cruzar novamente para o Chile em pleno Atacama e completar o loop até Santiago de volta.
Só que deu tudo errado!!! Chegando em Santiago vimos que a empresa de quem tínhamos alugado o carro (Poker Rent a Car) não era nada confiável. Na verdade o cara é um broker que arruma os clientes e intermedia o aluguel com outras empresas. Além de receber o carro com 2 dias de atraso, o que nos fez perder uma noite de hotel já paga na Argentina, nos entregou sem os documentos necessários para o cruze da fronteira, mesmo tendo pago 200 dólares por eles (recebemos a notícia do pior jeito possível: fomos informados pelos Carabineiros depois de ficar várias horas na fila da fronteira esperando uma nevasca parar).
Como não estávamos dispostos a perder mais nenhum precioso dia de férias esperando que os documentos fossem arranjados, resolvemos mudar tudo: eu já estava de olho há algum tempo em um lugar chamado Parque Nacional Lauca, mas não estava nos planos por ser muito longe (fica quase na divisa com o Peru), mas como nossa viagem tinha acabado de virar uma tela em branco, resolvemos encarar!

Rumo ao Norte - Copiapó


De Santiago até Putre (a cidade base para visitar Lauca) são mais de 2.000 km, então saímos bem cedo, antes mesmo do nascer do sol. Paramos para almoçar em La Serena e chegamos em Copiapó por volta das 18h, onde dormimos aquela noite. Não há nada de especial em Copiapó, é basicamente uma cidade sustentada pela mineração, sem nenhum atrativo. Tem um clima muito seco e havia algumas faixas pela cidade recomendando o uso de máscaras por causa do poeirão que está por toda a parte. A mina onde ocorreu o acidente que soterrou 33 mineiros por 2 meses, e que virou filme fica lá perto. Dormimos no Hostal Sol de Atacama e gostamos bastante. Preço justo, quartos com banheiro privativo, espaçosos e limpos, próximos de um shopping pequenininho com mercado e restaurantes.

Iquique


No dia seguinte, encaramos mais 960km até nossa próxima parada, uma cidade litorânea bem interessante chamada Iquique. A estrada até lá é muito boa, embora um pouco monótona. Você dirige um bom tempo em estrada praticamente reta, e a paisagem é deserto à direita e à esquerda! Sério mesmo, dirige-se horas a fio sem ver nenhuma plantinha sequer.... Agora, quando você se aproxima de Iquique a coisa fica mais legal. A cidade é espremidinha entre o mar e uma duna de areia gigantesca, por onde passa a estrada. A descida dessa serrinha é muito linda, com a vista da cidade e do Pacífico, sensacional! Deixe sua câmera preparada!
Iquique não é uma cidade lá muito bem cuidada. Apesar da orla ser bonitinha, as construções são meio feiosas, várias delas com carinha de abandonadas, paredes pichadas e janelas quebradas, provavelmente em razão do forte terremoto que atingiu a região em 2014, gerando até alertas de tsunami. Mas atenção aos atrativos: Primeiro, dirigindo pela orla rumo ao centro da cidade, pare quando vir umas barraquinhas de peixe na calçada. Atrás delas você vai encontrar dezenas de albatrozes e leões marinhos tentando abocanhar uma refeição grátis! Eles parecem muito acostumados com a presença humana, não se incomodam nem um pouco com os turistas tirando fotografias.
Depois disso, caso você seja do tipo que não consegue viajar sem fazer umas comprinhas, dê uma passadinha na Zofri. É uma zona franca onde você compra eletrônicos, equipamento de fotografia, eletrodomésticos, tudo com um preço bem atrativo.
Leões marinhos e albatrozes tentando abocanhar peixes dos comerciantes de rua em Iquique

Leões marinhos e albatrozes tentando abocanhar peixes dos comerciantes de rua em Iquique

Albatrozes tentando abocanhar peixes dos comerciantes de rua em Iquique

Placa de alerta para Tsunami em Iquique



Putre


Saímos de Iquique na hora do almoço, seguindo para Putre. Há 3 opções de estrada para chegar até lá:
Opção 1: Rodovia A-31 - As primeiras placas para Putre vão levar você por essa estradinha, que começa ao lado de umas esculturas gigantescas chamadas Presencias Tutelares e passa por pequenos povoados como Belen e Pachama. Não arrisque pegar essa estrada se não estiver em um 4x4. Apesar de começar boa, ela fica bem ruim alguns quilometros adiante, e parece que alaga em vários pontos na época de chuvas.
Opção 2: Rodovia A-27 e A-19 - Por essa estrada você vai passar pelo lindo Vale de Azapa, um oásis verdinho e lindo entre dunas gigantescas, mas cuidado: A estrada é bem perigosa, com precipícios enormes e sem proteção em várias partes. Se for por ali, maneire na velocidade e não dirija à noite.
Opção 3: Carreteira Internacional CH11 - Essa a estrada é mais movimentada e mais segura que as outras opções. É por ali que os caminhões levam os carregamentos do porto de Arica até a Bolívia. Em algumas partes do trajeto você poderá ver petroglifos nas encostas das montanhas, e admirar outro oásis verdinho no meio daquela secura toda, chamado Poconchile.
Putre é uma cidade muito pequena, tem alguns micro mercados, vendinhas e alguns poucos restaurantes. Apesar de tão pequena, é agradável e bem arrumadinha. Ficamos hospedados no Terrace Lodge e recomendamos! Os donos são super simpáticos e solícitos, os quartos muito quentinhos, confortáveis e limpos e o café da manhã é uma delícia. Para comer, vá ao Kuchumarka. A comida é bem feita e o ambiente é muito agradável (há opções para vegetarianos).
Praça em Putre

Montanhas nevadas - Vista de Putre

Solmáforo em Putre

Restaurante Kuchumarka em Putre


Cuidado com a altitude

Putre fica a 3500 metros de altitude, portanto há uma grande chance de que você sofra com a puna, ou mal da montanha enquanto estiver por lá. Dor de cabeça, náusea, falta de ar, tontura, tudo isso é comum e a intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa. Para prevenir, tomamos um remédio chamado Diamox (não tome nenhum medicamento sem orientação médica!), que é específico para isso. Começamos 2 dias antes de chegar a Putre e continuamos por todo período em que estivemos lá. O principal efeito colateral deste medicamento é um formigamento nas mãos e nos pés. Outra coisa que nos ajudou bastante foi a tal da folha de coca, que você pode comprar nas vendinhas da cidade (a venda da folha é legal nesta região do Chile). Mastigue a folha por alguns segundos e deixe embaixo da língua (não pode engolir!). O alívio é imediato. Ah, é importante beber muita água também, pelo menos uns 3 litros por dia.

Parque Nacional Lauca


Chegar ao parque Nacional Lauca saindo do Putre é muito fácil. Siga pela CH11 em direção à Bolívia e você vai literalmente cair dentro do parque. Uma das coisas mais impressionantes é que a paisagem muda complatamente por lá. O deserto sem fim que você vê desde Arica vai dando espaço a uma paisagem verdinha, cheia de lagos e animais. Vicuñas, Llamas e um bichinho meio chinchila meio coelho chamado Viscacha vão ser um prato cheio para tirar lindas fotos e encher seus olhos!
A vista do Nevado de Putre se erguendo majestoso atrás da Laguna Cotacotani e do Lago Chungará fazem valer muito a pena ter ido tão longe, você vai ver!

Locais de parada


Não existem muitas regras para visitação dentro do parque, então você pode parar seu carro praticamente em qualquer lugar para tirar fotografias (lembre-se de que você está em uma das principais rodovias do Chile, então sempre estacione com segurança).
Há dois postos do Conaf: um no início do parque, próximo a um pequeno lago com uma pontezinha e outro em frente ao Lago Chungará. No primeiro posto, faça a pequena trilha até a lagoa. Normalmente são avistadas muitas vicuñas e Viscachas neste local.
Dica: No começo do Lago Chungará, antes de chegar no posto do Conaf, há uma casinha com um pequeno píer. Pare seu carro por ali e caminhe pelo píer para ter uma vista linda do vulcão e chegar bem pertinho das aves que ficam nadando por lá.
Outro lugar muito interessante é o vilarejo de Parinacota, um povoadozinho desabitado com uma linda igrejinha no meio. Dê uma voltinha pelo parquinho abandonado, pois as fofas viscachas são frequentemente avistadas ali.
Llama - Parque Nacional Lauca

Lago Chungará - Parque Nacional Lauca

Parinacota - Parque Nacional Lauca


Viscachas - Parque Nacional Lauca

Vicuñas - Parque Nacional Lauca

Laguna Cotacotani - Parque Nacional Lauca